11 de setembro de 2013

Das interrogações

se precisasse realmente, mas não é disso que eu quero falar. Eu sempre fui daquelas que ninguém via, ninguém notava a presença, ninguém se importava se eu estava ali ou não. Era sempre tanto faz. Eu sempre quis ser notada, ser daquele tipo de garota que passa na rua e todo mundo irreverentemente olha dos pés a cabeça, aquela com as pernas definidas e rígidas, as roupas mais diferentes e conceituadas, e um cabelo e pele impecáveis. Eu sempre. Mas isso só acontecia na minha cabeça. Na realidade eu era meio que invisível. Então os anos passaram, eu terminei o colégio aos tropeços. No fim eu meio que me destaquei, realmente eu passava e as pessoas me seguiam com os olhos, e os garotos mostraram interesse. Mas tudo comedido. Agora eu tenho quase trinta e relativamente isso mudou em uma porcentagem de 100%. Eu me visto maravilhosamente bem, sou "aceita" nos lugares onde vou, vejo os olhares que são lançados pra mim na rua, alguns de aprovação, alguns de admiração e uns outros de interesse e cobiça. Meu cabelo é impecável, a pele também, e eu vejo que me saí bem mais sucedida do que várias pessoas que conheci, não só em perspectivas e conhecimento como profissional, apesar de não ter continuado os estudos. Eu hoje tenho e sou quase tudo aquilo que eu queria desesperadamente há anos. E hoje eu também chorei. Há alguns dias atrás uma das pessoas que eu mais prezo me disse algumas coisas, coisas duras, porém acredito que com um fundo de veracidade sim. Mas ouvir do mesmo sujeito que não se importa com o que você sente, ou se confia ou não nele, é meio que perturbador. Eu fiquei sem chão, depois de ouvir que não importa se eu confio ou não, que não posso sair falando tudo que eu acho das pessoas só me valendo do quesito sinceridade, que sinceridade extrema não é uma qualidade, e se mesmo assim eu insistir em continuar sufocando as pessoas com as minhas '''''' sinceridades'''''' eu devo estar pronta também para ouvir o que não quero. E eu simplesmente fiquei sem resposta, e eu ainda estou. Ele falou sobre meus lados negativos, quando eu perguntei quais ele se recusou a dizer, e eu simplesmente não consigo ver e não consigo enxergar meus defeitos, fui sincera e não deveria ter sido(?) O que tem me deixado apavorada foi a percepção que eu tive do desprezo. Quando ele diz que não importa se eu confio ou não, aquilo tirou meu ar. Poderia ter sido menos doloroso receber um tapa na cara, ou um "eu não quero" qualquer coisa com você. Mais verdadeiro até, se bem que a essa altura, a sinceridade é o de menos. Perceber que não sou bem quista foi o maior dos choques como se o céu explodisse em negro pra mim. E uma dor que não me solta por mais que eu me distraia e faça outras coisas. A percepção de que eu não significo nada pra uma pessoa que é a a personificação de um sonho adolescente pra mim, é o que eu mais sinto, e vou sentir pelo resto dos meus dias. A única coisa na qual eu consigo pensar é por que não me disse antes? Por que me levar a achar que eu sou relevante por mais de 5 anos, pra que essa mentira? Não teria sido mais fácil até mesmo pra ele não criar nenhum laço amo-afetivo comigo? Ele não teria se aborrecido e eu não teria chorado hoje. Eu sempre fui muito sincera, justamente porque queria que fossem comigo. Eu ainda não entendi a parte errada nisso, e obviamente se eu quiser saber vou ter que chorar por muitas vezes mais ao longo de anos. E por mais estranho que pareça eu simplesmente não sei o porque eu errei, e sei menos ainda o que fazer, eu pensei em mandar um e-mail já que ele não receberia uma carta, o que já está fora de questão, se ele não receberia uma carta muito menos leria um e-mail gigantesco. Depois eu desisti. Se ele já deixou claro que não se importa, não tem motivo pra eu me explicar, ou pelo menos tentar me esclarecer e ...ou qualquer coisa do tipo. Eu sei que ele está ótimo. Ele parece maravilhosamente bem. Ao que parece eu estava engasgada na garganta dele. E me sinto mal por isso. O melhor é eu terminar de chorar e continuar com o que quer que seja que eu deva fazer.

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