5 de janeiro de 2009

Paranóia

Torres arremessando-se a alturas inacreditáveis são a cidade.
Futuro.
Um futuro (aparentemente) inalcançável.
Grandes torres de vidro onde o mundo aparece a todo instante numa rapidez vertiginosa
e em dimensões monumentais. Como se cada uma delas fossem as peças de um enorme quebra cabeça televisivo que por sua vez as transforma numa interminável pilha de aparelhos menores.

O mundo aparece naquelas construções imponentes - poderosas manadas de elefantes atravessando uma poeirenta e abrasadora savana africana, uma baleia emergindo num salto de um mar esmeralda e arremetendo de volta desaparecendo num tumulto de água e espuma.
No momento seguinte, vê-se o congestionamento, pavoroso amontoado de milhares de carros e veículos de todas as formas e tamanhos, numa ponte que vara de um lado a outro cinco daqueles
prédios envidraçados.

O rosto sorridente de uma bela jovem oriental recomenda a compra de cápsulas do mais novo alucinógeno á venda no mercado.

O suicídio coletivo de uma grande multidão na super populosa Xangai é transmitido direto
e patrocinado por um grande laboratório farmacêutico. Chegam imagens da construção das
primeiras colônias em solo marciano, um planeta Marte. Biotecnológicamente criado pelas mãos dos homens e transformado num paraíso bíblico.
Notícias aparecem de tempos em tempos em letras enormes nas torres espelhadas, as letras correndo da direita para esquerda e da esquerda para a direita, ideogramas japoneses misturando-se a expressões em alfabeto cirílico e ao coxeante sobre terremotos na Síria, sobre as colônias de férias palestinas e sobre a guerra civil em Isrrael.


O futuro é uma grande tela onde imagens virtuais estão por todos os lados e a maioria das pessoas sensatas se encastelam em seus apartamentos no alto das torres de vidro e se vicia em viagens alucinantes, mas estéreis de qualquer relacionamento humano ou qualquer envolvimento no ciber espaço nosso de cada dia.
Rasgamos as amplas avenidas, da megalópole doentia, agonizante com o ronco devastador de nossas motocicletas.
Os motores de antimatéria nos permitem velocidades inacreditáveis, mas se explodirem, sequer saberão que existimos.

É um jogo, enche nosso sangue de adrenalina. É a vida.
Nossos perseguidores mais parecem centauros cibernéticos.
Armaduras maleáveis ocultam inteiramente o aspecto humano daqueles corpos escarranchados
em motos mais poderosas que as nossas.
Ganhamos distância por que temos um cérebro e sabemos usá-lo.

Os idiotas se entregam sem luta ao controle previsível de seus computadores de bordo.
Não pensam e esperam que a máquina faça isso por eles.

Preguiçosos!!

Acerelo. Ahh, é, também sou mais enlouquecidamente imprevisível. A imprevisibilida de torna o homen único e, portanto, irreproduzível.

Os disparadores daqueles carniceiros de lata há muito tempo que deixaram de ser regulados para atordoar. Agora eles atiraram para matar e sou o seu prêmio mais disputado e mais difícil de ser alcançado.

Intitulam ladrões, subversivos, transgressores das leis da sensatez e da ordem, suicidas perigosos.


2 comentários:

ex-controlador de tráfego aéreo disse...

Oi Tiê Porã!

Esse seu texto nem parece ficção, parece que estou lendo algo que está acontecendo agora mesmo, lá fora, em alguma metrópolis, dessas espalhadas por esse mundão.
Gostei também da idéia de misturar a ficção com a realidade atual, as mazelas que povos milenares vivem por ganância desenfreada.
Parabéns pelo texto, volto depois e continuo conhecendo, ok?
A propósito, o que significa tiê porã?

Um beijo com carinho!!!

ex-controlador de tráfego aéreo disse...

Oi Juliana (Moema Porã)!

Eu também não encontrei o significado de Tiê, mas achei um apelido pra você, claro se você não se importar, é Moema: Aurora. Gostei porque é o amanhecer, o começo do dia, da luz, sendo assim relacionei a você. Se não gostar do apelido avisa que não chamo mais, ok?
Bem, ser avô é algo que nos transporta a outra dimensão- assim penso - faz-nos entender a eternidade, só por isso. Mas saiba que essa declaração já me custou boas discussões e até postei um texto sobre isso. Muita gente amiga me questionou e criticou.
Juliana é um lindo nome, tenho duas sobrinhas com esse nome e são lindas também.
Achei seu blog pela Vivian- In Foco, gostei e já adicionei na minha lista.

Um beijo com carinho!!!