27 de dezembro de 2008

desabafo

Livre?
Se liberdade fosse uma queda para o nada a caminho de coisa nenhuma ou simplesmente perseguir um pouco de prazer genuíno e barato, ahh pode ter certeza eu era livre, em sua totalidade.

A pior coisa do mundo é quando você descobre que por culpa sua, medo seu, ou por tantos outros motivos - a vida está cheia deles não é mesmo? - não existe ninguém no mundo com quem conversar.
É uma sensação angustiante, repressora, e ela apenas fica pior com o passar do tempo.
Parece que ninguém vai entender sua dor, compreender a verdadeira extensão de seu sofrimento e, no meu caso, a perplexidade que tomou conta de mim.

Desisti do mundo. Fugi de tudo , e de todos. É como se tudo tivesse parado- tempo, vida, mundo.
Nada existe, nada importa. A melancolia é infinita, e dói. Meu Deus, como dói!
Estou sem vontade para tudo , tudo me irrita. Os lençóis e cobertas enrolam-se nos meus pés de quando em quando. As coisas estão espalhadas pelo quarto, mas no mesmo lugar onde as deixei ontem á noite, numa tentativa incessantemente frustrante de ser útil.

Inútil.

Não quero ouvir nada. Não quero falar nada. Não quero me levantar da cama.
Entre algum ponto do meu profundo desinteresse a crescente preocupação de minha mãe.
Ela é a mais preocupada. Queria dizer qualquer coisa. Pedir para que ela não se preocupasse tanto. Eu estou bem. Vou ficar bem. Sempre.

Como posso ir por um caminho que desconheço?
Tem hora que tento entender e me frustro completamente. As respostas (se é que elas existem) são inalcançáveis para mim.
E há alguma?

Sinto um aperto louco no coração, nem tenho forças para levantar e sabe de uma coisa??
Nem quero.

Para que?
Por que?


A morte existe. É um fato. É deprimente saber que um dia tudo acaba. A sensação como não podia deixar de ser é de pedra.
Irreparável. Das piores que existem.

É algo natural. Todo mundo sabe disso. Duas faces da mesma moeda que é a vida.
Ninguém entende muito bem. Ninguém aceita.
A morte é absolutamente nada para quem morre, mas é o inferno para quem continua vivo.

Não quero o olhar penalizado de todos as palavras de consolo me enervam.
Não quero ser consolada ou me resignar com o que não compreendo e não aceito. O que eu quero mesmo é uma boa explicação. Qualquer coisa serve.

Coloquei mais algumas pedras bem pesadas na muralha que ando construindo nos últimos meses para não ver ninguém.
Talvez escrevesse alguma coisa. Terapia. Algo para fazer, e não ficar inteiramente a mercê dos meus próprios pensamentos. Cartas.
É isso.
Longas cartas para ninguém e ao mesmo tempo para um grande amigo, a personificação da minha alma.

Em todas, nenhuma palavra, sequer um comentário ou acusação.

Apenas um grande, monumental mesmo, ponto de interrogação.
Não entendo , e não entender, não ter o menor vestígio de uma boa explicação, ou talvez uma mentira ao menos convincente me deixa prostrada.

Outrora, em algum lugar, eu li e guardei na memória que a gente só vive para pelo menos tentar ser feliz. Mas sobreviver, a gente só sobrevive, só teima em continuar vivo e encontrar prazer nisso a ponto de se agarrar a vida feito um desesperado(a) quando se sobrevive por algo ou por alguém, que se quer muito, que se ama intrissecamente.

Quando não há mais isso, a vida pesa e torna-se um saco.



E é nesse ponto que a gente puxa a cordinha e cai para o nada.



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