Nunca mudou.
Nunca deixou transparecer qualquer contrariedade ou melancolia.
Era sempre o mesmo, o mesmo sorriso.
Isso é muito confuso. Pior enche a gente de culpa.
Sinto-me culpada, e nem sei bem o por quê. Continuo lutando, mas o adversário é forte,
quase invencível. Tem horas que dá vontade de simplesmente desistir, mas o medo é maior.
Os dias passam, as horas passam sem a menor importância.
As estrelas tem um brilho falso e infeliz.
Meu sol é coisa morta.
Melancolia.
Estou afundando em mim mesma,
mais fundo a cada dia, no silêncio do quarto, o tiquetaear do meu relógio imaginário com a cara de uma Juliana cortada pelos ponteiros que levam o tempo para longe, não marca nada, leva minha vontade para longe para dentro de mim, poço escuro, profundo, na agua do fundo do poço
vejo a mim mesma, monstro, horrível.
Devora-me, devora-me!!
Acaba com isso de uma vez por todas!
Não há qualquer sentido nisso tudo.
Viver, crescer, construir, brigar por coisas, juntar coisas, vivenciar sentimentos, destruir e construir incontáveis vezes, disputar tantas outras , e de repente, acabou?
Há algo de perverso nisso, não acha?
Não tinha pensado nisso antes de ler aquele artigo na revista.
Interessante.
Antes a morte era apenas cinco letras reunidas e sem significado, uma sensação desagradável, um modo ocasional.
Eu vivia acreditando que era imortal. Não, não havia a percepção devastadoramente melancólica do fim.
Utopiamos.
Aquilo que não controlamos nos mete medo. Assusta. Aterroriza.
Será que é por isso que vivemos inventando teorias maravilhosas para torná-la menos cruel?
Compreender o que se ignora?
Torná-lo compreensível ou pelo menos controlável?
A angústia enlouquece. A impotência diante da morte faz com que procuremos explicações ou ilusões de coisas melhores depois do fim de todos nós.
É isso.
E daí nascem todos os céus maravilhosos e cheios de recompensas para os bons e os infernos para castigar os maus?
O tempo passa.
A morte é um inimigo invencível.
*Odeio-te morte*
.
.
.
Diz alguma coisa.
Finalmente ouço, compreendo.
*Hoje está um dia bom para morrer*
.
.
.
Depois da vida vem o que?
Ultimamente ando me perguntando frequentemente sobre essas coisas. Não sei.
Ninguém sabe.
O que se tem é um monte de livros sobre outro monte de experiências que não podem ser testadas e muito menos provadas.
Será o nada?
E depois do fim existirá apenas o nada e nós ficamos aqui, perdendo tempo. Fantasiando, mistificando, contando mentiras para nós mesmos, agarrando-nos a noções tolas da vida após a morte apenas para não termos que enfrentar a realidade apavorante mas verdadeira de que depois da morte é o nada, bicho comendo o corpo, ossos no fundo do buraco depois de alguns anos?
Estranho.
Angustiante.
Melancólico.
2 comentários:
..."A morte é a curva da estrada.
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
Existir como eu existo.
A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.
Fernando Pessoa
um bj, Tiê!
muahhhh
Preste atenção no casulo
da borboleta amarela...
Pra voar por sete dias
dentro do casulo espera...
Quer a vida, embora breve.
Quer voar, a asa leve
por fugazes sete dias.
Viva a vida!
Carpe diem!
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